segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Mais olhos que barriga

Por: Luís Dias
 
Durante grande parte do mês de Setembro, e boa parte do que levamos do mês de Outubro, têm sido notícia as terríveis previsões para as finanças portuguesas, tendo todas as projecções iniciais de todas as entidades sido suplantadas e com todas as previsões para 2012 a serem revistas em baixa. Juntando estes dados ao fraco optimismo dos portugueses e dos europeus em geral, à manutenção de elevadíssimas taxas de desemprego e aos cortes violentíssimos que todos sentimos na carteira, não é expectável que o País viva, nos próximos anos, como tem vivido até aqui.
Este é um momento de extrema importância e em que, mais do que reconhecer erros passados, teremos que olhar para o futuro e encontrar soluções para os problemas com que esperamos vir a deparar-nos. Assim, e mesmo sem sermos especialistas em economia e finanças, há algumas coisas que reconhecemos:
  1. Para que o País recupere terá que haver um esforço conjunto que toque todos os sectores da Sociedade num espírito único de motivação nacional;
  2. Só por via do aumento das exportações e da redução das importações poderemos resolver as desigualdades da nossa balança comercial;
  3. Deveremos continuar a apostar em sectores que nos garantam alguma autonomia financeira como sejam o sector das energias alternativas, das tecnologias e ainda da inovação;
  4. Por último, considero fundamental que se continue a manter uma noção básica das funções sociais do Estado, bem como uma visão solidária do seu papel para com as populações. Quero com isto dizer que não é privatizando a água, a Caixa Geral de Depósitos ou a RTP que resolveremos os problemas do País, mas que poderá também ser pela reestruturação dos mesmos e pela responsabilização de quem neles labora.
Quero com isto dizer que a responsabilidade é inerente a qualquer bom profissional e que a ética é o garante do rumo certo para a nossa vida em Sociedade, pelo que devemos pensar no que acontece em Portugal, no que aconteceu na Madeira e no que acontece em muitas das autarquias do nosso País, como Vendas Novas.
Se é certo que a ilha de Jardim nos afundou muito mais do que julgávamos, não é menos verdade que também nas autarquias (independentemente dos partidos que as lideram) existem contas pouco claras e resultados sinceramente preocupantes.
No exemplo da nossa terra, que se soube dever já 7 milhões de euros em Dezembro, foi agora tornado público que a autarquia deve 60.000€ à Junta de Freguesia de Vendas Novas e 25.000€ à de Landeira, existindo mesmo outros fornecedores que não recebem há mais de 1 ano por serviços já prestados.
Pergunto eu: Haverá responsabilidade ou desculpa para que Jardim viva na sua ilha como se nada fosse e que em Vendas Novas se continuem a fazer festas e a esbanjar dinheiro como se a saúde financeira do município fosse um mar de rosas?
Não, e não. Havendo responsabilidade e consciência, nunca poderíamos admitir que em Vendas Novas ou na Madeira existam empresas à beira de fechar devido a dívidas próprias de quem tem mais olhos que barriga.
Ainda se o dinheiro investido resultasse em serviços de incontornável interesse público, mas onde foram investidos os 7 milhões da dívida vendasnovense? Em Mercados vazios? Em Pistas cicláveis? Em estudos e assessorias para “alimentar” os amigos do Partido?
Se, na verdade, estes factos demonstram uma enorme falta de ética e de respeito pelas pessoas, é também como diz o ditado popular: “Quem não tem dinheiro não tem vícios”!

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